terça-feira, 15 de março de 2011

Circula o Diplomatique Brasil com a chamada OBAMA VEM AÍ. Dentre os artigos, Uma oportunidade de reaproximação onde Raphael Neves* analisa as interfaces da visita do presidente norte-americano. Cita que o jornal El País, de 19/09/2010 veiculou com o título Mientiras Washington Duerme, que Washington dorme enquanto a América Latina é a região que mais cresce no mundo, depois da Ásia. Ainda que não se deve esperar que Obama apóie a candidatura do Brasil a um assento permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Um bom momento para descer da prateleira o livro O Ataque à Razão onde Al Gore descreve as mentiras do antecessor do seu apadrinhado ou ainda, mais remotamente, A Ilusão Americana de Eduardo Prado, Edições do Senado Federal, Vol. II: 2010, ao apresentar a tese de que os Estados Unidos nada têm a ver com o povo brasileiro, isto já em 1893, quanto a mensagem do presidente Monroe, em 2 de dezembro de 1823: "A nunca assaz ludibriada e escarnecida ingenuidade sul-americana viu nesta declaração um compromisso formal, solene e defintivo, de aliança com os Estados Unidos, aliança tão sensata aliás como a do pote de ferro com o pote de barro." Pois, bem: Eduardo Prado, cujo nome dá significado a uma das alamedas da cidade universitária da USP, na cidade de São Paulo; foi adido da delegação do Brasil em Londres e também fundador da Academia Brasileira de Letras acrescenta no mesmo livro, A Ilusão Americana, referindo-se ainda à mensagem presidencial de Monroe: "Há setenta e uma nos que o governo americano tem acumulado declarações sobre declarações, que equivalem quase que a retratações; há setenta e um anos que escritores, oradores, políticos americanos explicam que aquilo não é um compromisso nem uma aliança; há setenta e um anos que, por palavras, atos e omissões, o governo de Washington praticamente demonstra a significação restrita, e, por assim dizer, platônica das palavras de Monroe, e, ainda hoje, há quem tenha a superstição de tornar aquilo ao pé da letra. Diz isso no livro, após registrar que o governo norteamericano recusara receber os cônsules nomeados pela Venezuela e pela Argentina. E diz ainda que apesar dos Estados Unidos se apresentarem como protetores dos latinos-americanos, sua política não é fraternal, ao contrário, é egoísta.

*Raphael Neves é bacharel em Direito e mestre em ciência política pela USP. É PhD candidate em ciência política da New School for Social Research, Nova York;
A ilustração é de Daniel Kondo e consiste numa mão feminina branca e uma mão masculina negra.

Diplomatique Brasil nº 44, Ano 4,
http://diplomatique.uol.com.br/

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