
Ao incluir o cogito cartesiano pareço aos meus amigos e leitores aprimorados na crítica, um materialista dialético. Não sou. Acolho a estética e os argumentos desta corrente filosófica. Não massacro Paul Sartre nem Simone de Beauvoir. Aliás, aprecio o seu conceito de liberdade. Admiro Albert Camus na literatura, Samuel Beckett e outros nomes da dramaturgia existencialista e absurda, como, Bertolt Brecht, Fernando Arrabal, etc. Porém, como sujeito de centro, entendo o homem histórico de Leonel como uma síntese do buscador das verdades; um protagonista da felicidade do povo, sem medo de morrer socialmente; um idealista que postula incondicionalmente novos paradigmas da política, dos direitos e garantias individuais dos cidadãos e dos valores universais previsíveis para uma sociedade justa, livre, solidária e sustentável. Respeitador dos costumes, da história e das normas escritas. Um arranjador social do seu tempo sem distorcer os princípios básicos da igualdade, da fraternidade e da liberdade; um sujeito de caráter liberté.
Para Leonel, caberia às Oficinas, sobretudo, instruir e capacitar cidadãos para a vida das nações como medida terminal às estripulias perpetradas por ditadores que oprimem o povo. Corruptos e demagogos que se apropriam do Estado e deturpam os princípios da ética com interesses escusos e deletérios. Enfim, um líder capaz de promover mudanças na estrutura social. Um homem que nada parece com os protagonistas mais recentes da história Brasileira, onde se incluem autoridades e políticos do cotidiano. Entendo também, que, para atingir tais objetivos, o Brasil e a Casa da Viúva são réplicas da Casa de Salomão construída por Francis Bacon ─ pai da ciência moderna, Século XVI, no livro Nova Atlântida ─, com etnias e crenças plurais, alimentadas por sentimentos patrióticos incomuns, cuja história, as nações registram nos movimentos que as tornaram livres. Exemplo, a Revolução Francesa, a Independência das 13 Colônias, nos Estados Unidos que inaugurou o constitucionalismo, a liberdade daquele povo e a construção de uma Nação livre e soberana, dentre outras.
José Bonifácio e Gonçalves Ledo, ao que se sabe filhos da Viúva, a quem muito se deve, projetaram a obra política do Brasil independente. Ao primeiro, coube a ambiência política para a independência. Ao segundo, a sustentação do sentimento de unidade nacional na construção do Brasil concebido por José Bonifácio. Uma obra de arquitetura política com sentimentos patrióticos profundos e terreno fértil de liberdade e unidade nacional. Um legado patriótico sem par aos extremos da vida de Tiradentes. Sabia ele que Estado livre e Nação soberana se constrói opondo-se a tirania com o sangue de muita gente boa. É dele o exemplo mais eloquente que nossa história ensina.
Nasceu o Brasil qual o vemos hoje, com desigualdades sociais e disparidades regionais em termos de riqueza da nação. O Brasil que amamos, abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, cujo valor é inestimável à economia moderna. Brasil de Gilberto Freyre contra aqueles que torceram o nariz às idéias da miscigenação como valor singular na formação do povo. De Darcy Ribeiro que tão bem a sintetizou com extrema visibilidade. Outros pensadores contribuíram com esse trabalho. Conceitos de várias mãos, como as do inesquecível Florestan Fernandes. Um povo sem dialetos, porém, rico em sotaques. Acolhedor e amante da liberdade. Fala-se de paz no sul da mesma forma como a interpreta-se no norte. De tecnologia e progresso no centro como se a entende e carece nas extremidades mais remotas do país. Cabe, pois, aos brasileiros filhos ou não da Viúva pugnar por uma escalada de redução das desigualdades sociais, agenda salutar para a cidadania consciente. Lugar sagrado dos guardiões da paz, da concórdia, do progresso e da unidade nacional para a glória de sua brava gente, como quisera José Bonifácio e Gonçalves Ledo.
Este é um bom momento para refletirmos o que aprendemos com a independência de outros povos. Com a nossa independência. Com o Brasil dos primórdios, o de hoje e o das futuras gerações.
Publicado no Jornal A Folha Regional, Ano XXI, Ed. 1055, 10/09/2011, pág. 04, quando a Grd.`. Benem.´. Benf.´. Loj.´. Maç.´. Just.´. Carid.´., instituição secular abriu-se para lideranças e autoridades locais. Da esquerda para direita, Trindade Escudeiro e Wagner Alves. No centro, João Guilherme Ferreira, Eu, autor do Blog e Pedro Márcio Bueno.
Foto: muzambinho.com
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